sexta-feira, 17 de setembro de 2021

SAMPAIO E AS POLÉMICAS

 

Os dez anos de Jorge Sampaio na Presidência da República geraram duas polémicas: a recusa do envio de tropas portuguesas para o Iraque, contra a vontade de Durão Barroso e do seu ministro da Defesa, Paulo Portas, e a posse de Pedro Santana Lopes, como primeiro-ministro, após a deserção para Bruxelas do mesmo Durão Barroso.

Se, sobre a primeira polémica, a ausência de armas químicas que serviram de pretexto para a intervenção militar no Iraque e os mortos, aos milhões, que provocou, obrigou toda a Direita a um prudente silêncio, a segunda, a posse de Lopes como primeiro-ministro, continua viva e, periodicamente, regressa à ribalta.

Pois bem: acho, sempre achei, que Jorge Sampaio agiu bem ao dar posse a esse vazio político ambulante que se chama Santana Lopes. Se o não fizesse, ainda hoje teríamos a Direita a apresentar-se como "os lesados de Jorge Sampaio", como temos os "lesados do BES", os "lesados do BANIF" e os eternos "espoliados do Ultramar". Os efeitos colaterais da sua decisão, a demissão de Ferro Rodrigues e o aparecimento do sinistro Sócrates são da inteira responsabilidade dos militantes do PS, primeiro, e dos votantes do PS, depois. Dando palco e protagonismo a Santana Lopes, que tinha o apoio de uma maioria na Assembleia da República, Sampaio proporcionou aos portugueses (a quem faltava pão) uns inesquecíveis quatro meses de circo e mostrou, inequivocamente, a verdadeira dimensão de uma lagartixa de jardim que se julgava um crocodilo do Nilo.