domingo, 30 de maio de 2021

PRIMEIRO, É O "VAI PARA A TUA TERRA". DEPOIS, É "A BANDIDAGEM DO BAIRRO JAMAICA; FINALMENTE, CHEGA-SE AQUI:

A mim, enquanto jovem oficial da Armada cheio de ideais patrióticos e de Justiça, chocavam-me as bazófias de outros oficiais que ‘vinham de comissão’. Uns divertiam-se com o episódio ‘da velha e das duas miúdas com trouxas de roupa à cabeça’ que os seus homens tentavam, a longa distância, acertar a tiro. ‘Quando uma caía, era uma festa’… Não gostei também da descrição do interrogatório a um ‘turra’, na Guiné, que ao fim de uma noite a levar com uma meia de areia na cabeça começou a deitar sangue pelos ouvidos e pelos olhos. Fizeram-lhe a misericórdia com uma granada enfiada na boca… Outro, tempos depois, mostrou-me a foto da cabeça cortada e enfiada num pau de outro ‘turra’ a quem tinham cortado o sexo e o haviam enfiado na boca antes da decapitação.  

Na Escola de Fuzileiros, sob a influência do Calvão, ensinava-se que «matar um preto era como matar uma cabra». Um camarada meu que, depois, foi lá diretor de instrução, passou a ensinar que os africanos são homens iguais a nós, devendo ser tratados com respeito e dignidade. São estes os exemplos que importa lembrar e seguir, os do ‘povo miúdo’ e do meu camarada ‘de Abril’. É disto que é feito Portugal, e não do seu contrário!

Miguel Judas

Sol