Os intelectuais portugueses emudeceram; as televisões a eles não se referem, exactamente porque inexistem, pior do que não existirem. Onde o protesto, o abaixo-assinado, a indignação?, onde? Portugal passou a ser uma colónia alemã. A União Europeia é uma fraude política escondida nas malhas da economia, e uma armadilha habilmente montada pelo capitalismo mais predador. A quem serve? Deixou de haver jornalistas, no exacto sentido da nobre palavra. São meros microfones esticados, ou, pior, explicações de ‘economês’ bastardo. O idioma sofre tratos de polé, com a aparente simplificação ortográfica. Nada no-lo é explicado. Só conheço, e mal, um programa de literatura?, praticamente uma charada. São às dezenas os de futebol, ligeirinhos, ligeirinhos; e os de futilidades sem nexo nem sentido. "Que Portugal se espera de Portugal?", perguntava, há anos, o grande poeta Jorge de Sena. Estranhamente, a pergunta permanece, como chaga inquietante que se não atenua. É isto que querem?
Baptista-Bastos
CM