Hermeticamente separado de tudo o que se passava no país, incluindo as peripécias que iam acontecendo no galinheiro do palácio de S. Bento e que sempre acompanhara de perto, o velhinho, com as botas de elástico que lhe aqueciam os pés e coberto de mantas que lhe aqueciam o tronco e os braços, vivia na ilusão de que ainda era presidente do conselho de ministros. E os 'ministros' ajudavam e lá iam 'a despacho' com o velho ditador.
Com o PaSSos Coelho passa-se algo de muito parecido. Não estou a dizer que ele está tão balhelhas como o Salazar ou que tenho notícia que o 'ministro' Relvas, o 'ministro' Crato ou o 'secretário de Estado' Francisco José Viegas continuam a 'despachar' com ele, embora conste que a 'ministra' Maria Luís lhe pediu parecer, antes de aceitar a ignóbil tachada na Arrow Global. Mas o homezinho apresenta sinais exteriores e tem tiques de quem está convencido que continua a chefiar o governo: ele é o pin nacionaleiro, ele é a inauguração da escola, ele é o discurso 'de Estado'.
Provavelmente, há uma explicação para isto. É que a criatura, que governou o protectorado com a mesma autonomia com que os de Vichy governaram a França, ainda não se apercebeu que a sede do pêpêdê não fica no castelo de Sigmaringen.
Por caridade, apenas por caridade, haja alguém que lhe diga que a senhora Merkel tem mais que fazer e não tem tempo para se preocupar com o futuro dos seus ex-mordomos.