sexta-feira, 22 de novembro de 2013

POLÍCIAS E PAISANOS

Para que conste: a gente ia ao cinema e lá estava a polícia. A gente ia ao futebol e lá estava a polícia. Ia-se ao café e lá estava a polícia (à paisana...). Ia-se comprar o jornal ao centro da cidade e lá estava a polícia. Ia-se ao jardim público e lá estava o guarda a fazer de polícia. Ia-se ao cemitério, no 5 de Outubro, e lá estava a polícia. Chegava a gente ao Rossio, no 1º de Maio, e lá estava a polícia. Passava-se pela cidade universitária e lá estava a polícia. Ia-se a um comício da oposição e lá estava a polícia.
Não, não exagero. Foi sempre assim nos primeiros 25 anos da minha vida. E foi um outro "25" que acabou com este estado de coisas.
Não admira, pois, que a minha simpatia por polícias seja, no limite e tantas vezes por caridade, moderadíssima. Stress pós-traumático de opressão e repressão? Talvez.
Apesar de tudo isto, gostei de ver os polícias em manifestação em S. Bento a lutar, como tantos portugueses, pela dignidade a que têm direito. E gostei, sobretudo, da insegurança que criaram aos tiranetes de serviço que são fortes com os fracos e cobardes com os poderosos que servem. Sentem as costas menos quentes e isso é bom. E é bom para polícias e paisanos.