Patriotas pequeninos com uma patriazinha pequenina na lapela
1. O debate sobre a constitucionalidade das medidas contidas no Orçamento do Estado de 2014 tem algo de fútil. É importante em termos práticos, é uma questão de princípio central num Estado de direito (trata-se do respeito pela lei fundamental, que o mesmo é dizer pela lei democrática) e é o combate político do momento mas, paradoxalmente, tem algo de fútil. E tem algo de fútil porque, desde a assinatura do Memorando de Entendimento com a troika, que Portugal não vive num regime constitucional. Este facto tem aliás sido salientado pelo vice-primeiro-ministro Paulo Portas quando usa a expressão "protectorado", dando mostras de uma leviandade cuja aceitação o deve divertir imenso mas que, em momentos menos tolerantes da História, lhe poderia custar a cabeça. Que "viver em protectorado" e impor a nível nacional os mandados dos "protectores" seja algo aceite com tal naturalidade por alguém que se diz conservador e patriota é apenas uma das muitas incoerências com que o relativismo moral de Portas nos tem brindado. Mas pavoneia-se com uma patriazinha pequenina na lapela.
Público