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RETRATO DE UM CANALHA
"Donald J. Trump e, para desgraça de todos nós, está à frente da nação mais poderosa do mundo e está sentado em cima de um arsenal de armas capazes de destruir várias vezes o planeta e cuja guarda deveria estar estritamente confiada não só a alguém mentalmente são mas também moralmente decente. Mas Donald Trump não só não preenche nenhum desses dois requisitos como ultrapassa tudo o que os pesadelos mais sombrios se atreviam a imaginar: é provável que seja o ser mais destituído de qualidades humanas que a Humanidade já viu. É a verdadeira encarnação do mal absoluto, do mal sem contenção, nem escrúpulos, nem vergonha. É verdade que a Humanidade já experienciou outros — Hitler, Estaline, Pol Pot —, mas Trump só se distingue deles porque, apesar de tudo e por enquanto, tem a Constituição americana entre ele e os seus desejos mais profundos e porque chegou onde chegou porque foi votado por uma imensa legião, ainda que minoritária, de admiradores do seu estilo e da sua pessoa. E é justamente isso que é aterrorizador. Donald Trump é o resultado perfeito de uma experiência de alquimia social e política que juntou a manipulação e desinformação assumida das redes sociais à sem-vergonha de basear o sucesso de audiências televisivas no espectáculo degradante da canalhice humana. Sirvam-nos o espectáculo de um canalha em todo o seu esplendor, em part-time televisivo, e o povo vai adorar. E, em breve, não passará sem isso, e o canalha em todo o seu esplendor, em part-time televisivo, e o povo vai adorar. E, em breve, não passará sem isso, e o canalha transforma-se num herói, o mal transforma-se em inveja e admiração por quem assume, sem dores de alma, que veio ao mundo para triunfar a qualquer preço, sem regras, sem limites éticos, sem dó nem piedade por quem tiver de espezinhar ao longo do caminho. Depois, apresente-se o canalha nas redes sociais como um verdadeiro líder, alguém de quem o país precisa para ser igualmente vencedor. E, no fim, para garantir a vitória, garanta-se o apoio do amigo Putin, que faz dos meios utilizados por Trump o seu objectivo final: desacreditar a superioridade moral das democracias e do Estado de direito.(...)
Nero pegou fogo a Roma e ficou a assistir da varanda do seu palácio. Trump fará o mesmo: pegará fogo aos Estados Unidos, se não conseguir ganhar a eleição. "
Miguel Sousa. Tavares
Expresso