"A extrema direita entrou no Parlamento e isso não é apenas simbólico, é uma proposta de desgraça.
Descrever o Chega como um partido populista é como chamar carocha a uma barata. O Chega é um partido xenófobo, nacionalista e securitário nas suas convicções, e oportunista no seu discurso. Numa altura em que a extrema direita sobe em vários países europeus, a eleição de André Ventura não é fruta da época, é fruta estragada. Ventura terá um tempo de antena como nunca teve para disseminar mensagens de ódio e de exclusão, para defender autoritarismos e prisões perpétuas, para atacar o “sistema” e os “estrangeiros”, para cavalgar medos e alimentar preconceitos, para subverter problemas reais em soluções rachadoras. E irá aproveitar cada intervenção na Assembleia para radicalizar, para viralizar em redes sociais, para ser notícia — e quando não for notícia irá atacar a comunicação social para se propor como um lutador antissistema. O melhor que nos pode acontecer é ele descredibilizar-se como caricatura de si mesmo. Mas esperá-lo à partida é uma condescendência perante uma casca de ovo que já se partiu."
Pedro Santos Guerreiro
Expresso