"Pouco me interessa o debate político que Goucha teve com Mário Machado. A única coisa relevante é o processo consciente de branqueamento de um criminoso com objetivos políticos. Como um dos assistentes no processo que levou à sua prisão – fui abordado por ele, perto da minha residência, com uma ameaça de morte –, considero a TVI autora consciente deste processo de branqueamento e responsável pelas suas consequências. E Manuel Luís Goucha seu cúmplice. Se não estava suficientemente informado sobre a pessoa que tinha à sua frente a responsabilidade é sua. É ele quem dá a cara por aquele programa. E recebe por isso. Não serve tudo para para vencer a concorrência.
O resultado deste comportamento será o de sempre: as notícias sobre esta polémica garantirão audiências e satisfação. Não há má publicidade. E este entretenimento amoral, produzido por quem não hesita em chafurdar na imundice para ganhar uns cobres, acabará por nos custar a liberdade. Se é a própria comunicação social a conspirar contra a democracia não vejo como vai a democracia defendê-la. Não são as redes sociais que estão a destruir a nossa vida em comunidade. São empresas, proprietários, administradores, diretores, “repórteres” e apresentadores com nomes."
Daniel Oliveira
Expresso
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"Manuel Luís Goucha, que conduz um programa na TVI, apresentou Mário Machado como um entrevistado conhecido por ser “autor de algumas afirmações polémicas”. Fraquinho. Devia ter apresentado o seu convidado como “o espancador de pretos que defende o nazismo”. Era mais rigoroso e, assim como assim, talvez lhe desse mais uns espectadores. Mas Goucha está no bom caminho: ter um nazi que bate em pretos no programa da manhã até é divertido, porque nós vivemos numa democracia e toda a gente tem direito a ter opinião. Só é pena que o Alcindo Monteiro não possa ter dado a sua opinião no mesmo programa. É chato, mas não dava para “fazer o contraponto”: é que o Alcindo foi assassinado ao pontapé, porque era preto. Mas pronto, isso agora pouco interessa e, assim como assim, o que é facto é que o Alcindo já cá não está, não se fala mais nisso, venha o nazi e faz um sucesso. Foi pena que Goucha não lhe tenha perguntado em direto o que sente quando espanca pretos e, já agora, que não tenha perguntado a Machado se acha que os paneleiros devem ser assassinados ao pontapé, assassinados à estalada ou se teriam apenas de ser submetidos a tratamentos forçados para expulsarem de si a enfermidade e o vício de que padecem. Além de, claro, estarem calados e quietos no seu armário. Que pena, querida direção da TVI, ter-se perdido uma oportunidade destas."
José Soeiro
Expresso
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"Manuel Luís Goucha, que conduz um programa na TVI, apresentou Mário Machado como um entrevistado conhecido por ser “autor de algumas afirmações polémicas”. Fraquinho. Devia ter apresentado o seu convidado como “o espancador de pretos que defende o nazismo”. Era mais rigoroso e, assim como assim, talvez lhe desse mais uns espectadores. Mas Goucha está no bom caminho: ter um nazi que bate em pretos no programa da manhã até é divertido, porque nós vivemos numa democracia e toda a gente tem direito a ter opinião. Só é pena que o Alcindo Monteiro não possa ter dado a sua opinião no mesmo programa. É chato, mas não dava para “fazer o contraponto”: é que o Alcindo foi assassinado ao pontapé, porque era preto. Mas pronto, isso agora pouco interessa e, assim como assim, o que é facto é que o Alcindo já cá não está, não se fala mais nisso, venha o nazi e faz um sucesso. Foi pena que Goucha não lhe tenha perguntado em direto o que sente quando espanca pretos e, já agora, que não tenha perguntado a Machado se acha que os paneleiros devem ser assassinados ao pontapé, assassinados à estalada ou se teriam apenas de ser submetidos a tratamentos forçados para expulsarem de si a enfermidade e o vício de que padecem. Além de, claro, estarem calados e quietos no seu armário. Que pena, querida direção da TVI, ter-se perdido uma oportunidade destas."
José Soeiro
Expresso