quarta-feira, 2 de março de 2016

MÁSCARAS DE ESQUERDA

Nunca consegui entender porque tanto precisam os portugueses do Carnaval, dos feriados do Carnaval, da ponte do Carnaval, da tolerância de ponto do Carnaval e do fim de semana de Carnaval. Tudo se resume, afinal, a não trabalhar mais um dia, se possível dois, ou três ou quatro. Num país próspero e que não se chame Brasil, este desejo seria naturalmente estranho. Num país falido e a viver de empréstimos chamado Portugal, o desejo de fazer férias de Carnaval, férias da Páscoa, férias dos feriados do 25 de Abril e 1º de Maio, férias dos feriados de junho, mais todos os intervalos religiosos e pagãos e republicanos e monárquicos que nos concede o calendário, deixa-me perplexa.
Admito que estejam a pensar que a frase é da autoria do senhor Alexandre das mercearias 'Pingo Doce'. Engano.

Para uma empresa no limite da rentabilidade [sic], ou para um Estado no limite da austeridade, a introdução deste hiato no ritmo normal de trabalho não acrescenta prosperidade. Não vale a pena dizer que o Carnaval não custa dinheiro, tudo, no século XXI e no mundo em que vivemos, custa dinheiro. E dinheiro é, justamente, o que os portugueses não têm. 
'Ora aí está uma tirada  de um discurso do tio Belmiro das mercearias 'Continente' ou do trabalhador Américo das cortiças & gasolinas'. Foi o que julgaram? Engano.

Portugal não precisa, neste ponto da sua história, de carnavais. Nem deve tê-los como pretexto para deixar de trabalhar. E isto aplica-se tanto ao público como ao privado, que não dispensa as suas férias folionas. Portugal precisa de cada cêntimo a ganhar, e precisa de aprender a esperar pelas férias da Páscoa e os feriados de abril, maio e junho. E a seguir... "metem-se as férias".
Não chega?
Se crêem tratar-se de excerto de um comunicado conjunto da CIP e da CAP, voltarei a desiludir-vos: engano.
Pois é, os nacos de prosa transcritos saíram da pluma caprichosa de uma jornalista de esquerda chamada Clara Ferreira Alves.
O quê? Eu disse 'de esquerda'? Engano!