terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

A COR DO DINHEIRO

Magistrado preso por corrupção 
Procurador Orlando Figueira suspeito de receber luvas. Por Henrique Machado 
Orlando Figueira, procurador da República, foi esta manhã detido pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária sob suspeita de recebimento de subornos e branqueamento de capitais. Em causa, apurou o CM, estão luvas superiores a um milhão de euros para 'matar', sob o pretexto da "falta de provas", processos relacionados com altas figuras de Angola - arquivando diretamente, como fez, ou levando ao arquivamento posterior de cerca de uma dezena de inquéritos que corriam, até 2012, sob a alçada do magistrado no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP). O advogado Paulo Blanco, defensor dos interesses do estado angolano em Portugal, também é suspeito de branqueamento de capitais no mesmo processo que foi detido hoje de manhã o ex-procurador do DCIAP Orlando Figueira. Paulo Blanco está a ser alvo de buscas da PJ. As suspeitas de más práticas intencionais do procurador, sabe o CM, incidem sobre os mais mediáticos processos que investigou sobre Angola - nomeadamente aqueles que visavam, por eventuais crimes económicos, o atual vice-presidente daquele país, Manuel Vicente; Álvaro Sobrinho, ex-presidente do BES Angola; o general Bento Kangamba; ou a suposta burla, de cerca de 500 milhões de euros, para a compra da maioria do capital do BANIF em Portugal. O procurador, recorde-se, goza atualmente de uma licença sem vencimento do Ministério Público depois da polémica saída do DCIAP, em 2012, diretamente para trabalhar em Angola - junto daqueles que investigara em Portugal, sem fazer qualquer período de nojo. No último ano, passou ele - que entretanto pregava contra os malefícios da corrupção em palestras em Angola - a estar sob investigação do próprio DCIAP, impulsionada e acompanhada de perto pelo diretor Amadeu Guerra. Faltava provar - o que a PJ entretanto fez - as ligações suspeitas entre o magistrado e alguns daqueles que ele investigara; bem como apanhar o rasto do dinheiro, que, de forma faseada, Figueira foi recebendo por 'matar' determinados processos.
CM
(Nota curiosa: O 'DN' e o 'Público' também dão a notícia, mas omitem os nomes dos 'investidores' estrangeiros. Porque será?)