sábado, 8 de setembro de 2012

SUBMARINO ESCONDIDO COM O RABO DE FORA


Submarinos. MP evitou indiciar políticos em ano eleitoral

A omissão foi justificada como um adiamento, devido ao “elevadíssimo melindre” de tornar arguidas pessoas ligadas “ao poder político”
O Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) decidiu adiar, em Setembro de 2009, mês de eleições legislativas, a constituição de arguido de responsáveis políticos no âmbito do processo que investiga as suspeitas de corrupção no caso dos submarinos. E justificou-o com o “elevadíssimo melindre” de constituir arguidas “pessoas, que pelo menos à data dos factos, estiveram ligadas ao poder político”.
No documento em que pede o alargamento do prazo do inquérito pela elevada complexidade do processo, o DCIAP assume a necessidade de “constituir arguidos e interrogá-los”. Mas guarda essas diligências para depois. Pelo “elevadíssimo melindre” e porque se aguardava o resultado de “ulteriores diligências de prova” que permitiriam “a confirmação ou afastamento das suspeitas”, diz o documento que consta no processo arquivado contra Bernardo Ayala, e que o consultou.
Entretanto, a consulta dos autos do processo confirma que desde então foram interceptadas conversas telefónicas de pessoas suspeitas, feitas buscas ao Ministério da Defesa, a escritórios de advogados e a várias pessoas que eram próximas do então ministro da Defesa, Paulo Portas, e estiveram envolvidas no negócio da compra dos submergíveis. Três anos depois, os únicos dois arguidos constituídos no caso já deixaram de o ser. Nenhum responsável político foi interrogado. E a investigação continua “contra desconhecidos”, como esta semana a directora do DCIAP, Cândida Almeida, frisou na resposta à dúvida de Paulo Portas sobre se seria ou não suspeito no processo.
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