![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1W0BjvZ3HiSWe7akFv5XhdvqNmrYHIFFTTACp8Unw96haRIAsnkUdvWhPnCT99qP_A2P8_MDaUOC38bXkv9jRymbNOrLdL00cyGmX0Xpdg2xHe8tN1XWh4teDg9U43owvnskPwevhRROk/s400/cavaco.jpg)
«Vaclav Klaus, Presidente da República Checa, e antigo e experimentado governante, excedeu, em grosseria, tudo o que se presume dever ser a compostura canónica de um estadista, e, com surpreendente rudeza, inquiriu se os portugueses não se sentiam nervosos com o défice de 8 por cento, facto que, com ele, jamais sucederia.
Sorridente, disperso e confuso, o dr. Cavaco murmurou não ser governante, admissão entendida por Vaclav como fraqueza ou pusilanimidade, pelo que voltou à carga, noutra cerimónia de Estado. Nem um escasso protesto, nem a mais diminuta desaprovação, nem a mais exígua frase indignada. Mais tarde, o extraordinário dr. Cavaco, contemporizador e tranquilo, resignava-se à ignomínia (porque de ignomínia se tratou) esclarecendo que o Presidente checo era, por natureza, "pouco ortodoxo." O dr. Cavaco admitia a incivilidade e a infinita grosseria do checo; porém, graciosamente, engoliu o insulto (além de outros, reiterados como um ressentimento absurdo) e confinou-se à vergonha do silêncio comprometido.»
.
Baptista-Bastos
.
DN