No lugar 40 do terminal de autocarros do aeroporto de Lanzarote, está uma mulher em greve de fome e em perigo de vida.
Foi expulsa de Aaiún por ter cometido o horrível crime de lesa-majestade escrevendo, num documento de desembarque, que o seu país se chama Sara Ocidental e não Marrocos.
Chama-se Aminatu Haidar e entende que os seus filhos podem viver sem mãe, mas não podem viver sem dignidade.
"Causas, as parvoíces das causas", dizemos nós, encolhendo os ombros e deixando cair mais um pouco da nossa própria dignidade. O costume, a vidinha.
(Uma nota final e triste, como convém: o Parlamento português aprovou um voto de solidariedade com Aminatu Haidar com as abstenções do PS, PSD e CDS. Enfim, a sucata do costume).
