"Em vez de se tornar num exemplo deplorável de insensibilidade, intolerância e desrespeito pelo património público, o vandalismo da escultura 'A Linha do Mar' (de Pedro Cabrita Reis) em Leça da Palmeira quase se tornou num monumento que celebra a vitória de um povo oprimido sobre os seus algozes!".
João Miguel Tavares (Público)
Não gosto dos livros do José Rodrigues dos Santos, mas não quero que sejam queimados. Não gosto das esculturas da Joana Vasconcelos, mas não quero que sejam vandalizadas. Não gosto da música do Zé Cabra, mas não quero ver os CD destruídos. Não gosto da prosa do cabeça rapada João Miguel Tavares, mas não incito ninguém a cobrir de bosta a última página do jornal das mercearias Continente, quando o 'liberal' Tavares aí publica a sua prosa sem graça e carregada de laivos fascistóides.
Sabe-se como começa a luta contra a 'arte degenerada' e também se sabe como ela acaba. E igualmente se sabe que é ténue a fronteira entre o neoliberalismo e o fascismo. Um neoliberal, quando lhe falham os travões, entra em derrapagem e depressa passa de Milton Friedman a Millán Astray. E o Tavares, que se proclama 'liberal' mas é, de facto, um 'skinhead' de salão, derrapa com demasiada frequência.