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David Mourão-Ferreira disse, certa ocasião, que, um dia, como Vitorino Nemésio fizera, com Gomes Leal, alguém seleccionaria as páginas mais significativas de Urbano, e, então, a grandeza deste surgiria na exacta dimensão do seu enorme talento. Porque nos livros do autor de A Noite Roxa (onde se inclui uma belíssima obra-prima, a novela Escombros), a procura dos laços sociais associava-se a uma espécie de força de revelação que tem muito a ver com a fé. Fé no futuro, no sentido da História, nas praticamente infinitas possibilidades de transformação que o homem possui, sem, porventura, disso se aperceber.»
Baptista-Bastos
DN
«Pode dizer-se que Urbano foi um homem de firme coerência ideológica, de uma grande e desassombrada coragem, de uma informação cultural muito vasta e de uma oficina de recursos literários fora de série.
Deixou-nos páginas de qualidade excepcional, de notação muito ágil das mais diversas atmosferas, de aguda interpretação da vida e das suas tragédias, e também de magistério crítico e ensaístico invulgar.
Estas questões darão por certo lugar a muitas análises aprofundadas da sua obra. Mas há um aspecto que importa pôr em evidência neste momento e só os que o conheceram podem testemunhar a esse respeito: a sua generosidade infalível, o acolhimento que sempre soube dar aos mais novos, a abertura com que encarava novas propostas estéticas, o trato amabilíssimo, a tolerância e o bom gosto que o distinguiam nas relações humanas. Personalidades da cultura como a dele fazem-nos cada vez mais falta.»
Vasco Graça Moura
DN