«E, por outro lado, pelo apoio que Durão Barroso conseguiu da coligação pró-invasão do Iraque, que ele próprio acolheu na "Cimeira dos Açores", em 2003, como primeiro-ministro: Blair, Berlusconi e Aznar foram a alavanca decisiva da transformação de Durão Barroso em José Manuel Barroso. Muitos, nunca o esquecerão...
Mas como já se tinha verificado em Portugal, J. M. Barroso é todavia bem mais hábil nas manobras da conquista do poder do que na arte da sua administração e gestão. Escolhido, na circunstância, como um mal menor; sem um projeto ou uma visão capaz de propulsar uma União Europeia já então a dar preocupantes sinais de desvitalização; rodeando-se (ao contrário dos dream teams de J. Delors) de equipas medíocres que nunca convenceram; tropeçando num alargamento de 15 para 27 países que tornou a União Europeia ainda mais ineficaz; condenado pelo Tratado de Lisboa a uma rivalidade mimética com Von Rompuy, presidente do Conselho Europeu; assistindo sem esboçar um gesto ao crescente esvaziamento da capacidade política da Comissão Europeia - com tudo isto, José Manuel Barroso rapidamente se tornou, e de um modo cada vez mais evidente aos olhos de todos, no presidente supérfluo de uma comissão inútil.»
Manuel Maria Carrilho
DN