"A social democracia não morreu (usemos agora um tom mais otimista). Ela morrerá, sim, se os seus ideais forem diluídos no caldo insosso do liberalismo (como está à vista nos nossos "socialistas liberais", tão acarinhados pela direita) ou na especulação financeira sem limites, com que alegremente pactuou a chamada "Terceira Via" (também a tivemos por cá e não é preciso dizer nomes).
"Reconhecendo todos os limites e compromissos da social democracia, confesso que não vejo nenhum outro modelo de sociedade realista para conter a barbárie. A destruição da economia real pela especulação financeira não é uma abstração para nós, tivemos lições práticas sobre o assunto no processo exemplar dos "devedores do BES". A ameaça à democracia não está tão longe de nós, temos um partido parlamentar que a advoga expressamente. Vamos empobrecer e os nossos salários e pensões serão julgados excessivos por aqueles mesmos que defendem arrogantemente que "nenhum lucro é excessivo". Os impostos de quem vive do seu trabalho aumentarão para compensar os favores fiscais feitos aos ricos. É neste mundo que vivemos e é neste mundo que temos de nos defender."
Luís Castro Mendes
DN