"Neste momento, no Brasil, o tefal está concentrado em dois políticos sobre os quais pode-se dizer as piores e mais incontestáveis verdades. Nada grudará neles: Lula da Silva e Jair Bolsonaro.
Durante seus oito anos como presidente da República, de 2002 a 2008, Lula e seu partido, o PT, foram acusados de comandar o maior esquema de corrupção já visto no Brasil, envolvendo bancos de investimentos, estatais e empreiteiras, em escala monumental e até internacional. Bilhões de dólares foram drenados dos cofres públicos - a Petrobras e a Eletrobras quase quebraram - para o enriquecimento pessoal de muitos e a manutenção do PT no poder. Para isso, incontáveis executivos, políticos e até jornalistas foram comprados, e Lula se uniu ao que havia de pior no Brasil. Passou anos aos abraços e acordos com seus ex-inimigos Fernando Collor, Paulo Maluf e José Sarney, e com uma nova e brilhante geração de corruptos, simbolizada pelo então governador do Rio, Sérgio Cabral.
Devido a uma operação jurídica de saneamento da vida nacional, a Lava-Jato, muitos dos implicados têm sido presos e obrigados a devolver o dinheiro - Sergio Cabral, por exemplo, está preso e condenado, por enquanto, a 170 anos e sua mulher já teve de devolver mais joias do que o tesouro do Ali Babá. Lula também está preso e condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro, assim como todos os seus ex-ministros da Economia e ex-tesoureiros do PT. Isso deve significar algo, não? Não. Não quer dizer nada para os adoradores de Lula. Todos roubaram, menos ele, que não sabia de nada. É o teflon.
Jair Bolsonaro, por sua vez, se diz o antipolítico que vai mudar o Brasil. Mas é político há 30 anos, está no sétimo mandato e foi um dos deputados mais medíocres que já passaram pelo Congresso. Como ex-capitão do Exército, não admite que o Brasil tenha vivido sob ditadura militar entre 1964 e 1985 e elogia publicamente os torturadores. Sua receita para acabar com a violência no Brasil é pôr uma arma de fogo na mão de cada cidadão e estimulá-lo a matar para se defender. Ele próprio, num comício há um mês, sofreu uma facada que quase o estripou. Mas, dias depois, deixou-se fotografar no hospital fazendo gestos de como se empunhasse revólveres. Está cercado por militares de pijama, hidrófobos e rancorosos, e já deu as mais incríveis declarações fascistas, racistas, machistas e homofóbicas. Pois nada disso consegue perturbar seus admiradores. É o teflon."
Ruy Castro
DN