quinta-feira, 3 de outubro de 2013

OS INDEPENDENTES

Há uma malha, transversal a todos os partidos, mais ou menos discreta, mais ou menos tenebrosa, mais ou menos mafiosa, tecida por gente mais ou menos cinzenta, mais ou menos venal, mas sempre ambiciosa no que a poder e dinheiro diz respeito, que nos condiciona a todos muito mais do que aquilo que a sua fraca visibilidade deixa supor. Os ateliês/oficinas onde as 'formiguinhas' 'trabalham', conspiram, intrigam, traem, escolhem e tratam da vidinha são as famigeradas 'comissões concelhias'.
Quem as domina, domina os partidos. E quem domina os partidos pode chegar aos governos - locais, regionais, nacionais. Dois exemplos ilustrativos recentes: António Costa não lidera o PS porque não tem o apoio das 'concelhias' e, no injustamente chamado PSD, a facção 'Aurora Alaranjada' chegou ao poder, no partido, primeiro, no país, depois, ao fim de vários anos de árduo trabalhinho da dupla de extrema-direita Relvas/ Passos junto das 'concelhias'.
Romper esta teia generalizada, consolidada ao longo de dezenas de anos de permissividade 'democrática', não é tarefa fácil nem para quem está dentro dos partidos e muito menos para os franco-atiradores sem ligações com os apparatchiks.
Por isso, considero relevante o sucesso eleitoral, relativo ou absoluto, dos 'independentes', dissidentes ou não, nas recentes eleições autárquicas. A partir de agora, as 'concelhias' do Porto, de Matosinhos, de Gaia e por aí fora, um pouco por todo o país, sabem que têm a vida mais dificultada...
Os cidadãos começam a saber organizar-se dentro e fora dos partidos para o exercício da cidadania. E isso é bom para todos. É muito bom. Até para os militantes partidários.