
Hermínio tem 56 anos e recebe uma pensão de 1300 meticais (perto de 28 euros). É desmobilizado de guerra desde que a guerra acabou, em 1992, e é presidente do Fórum dos Desmobilizados de Guerra desde que o fundou, em 2004. No fórum há 55 mil inscritos, de norte a sul; em todo o país há 150 mil desmobilizados. Em Moçambique há ex-combatentes e há desmobilizados. Os primeiros recebem pensão e são da responsabilidade do Ministério dos Combatentes; os segundos recebem alguma coisa quando calha e não são responsabilidade de ninguém. Mas também fizeram a guerra.
"A nossa juventude acabou na tropa, acabou lutando. Eu não estudei. Lutei 16 anos neste país. Eu não sei escrever por causa da guerra. Depois da guerra, fui lançado no lixo. Eu defendi a integridade territorial, não defendi o partido Frelimo. Defendi a pátria, não o partido. Eu estou muito indignado com o partido. E é o partido que está à frente do Governo. O partido confunde, é tudo. O Governo vem atrás", diz Hermínio, numa alusão ao facto de na sequência dos protestos, na quarta-feira, o Presidente Armando Guebuza ter reunido o partido e só depois o Conselho de Ministros.»
'Público'