sábado, 26 de maio de 2018

BENITO DE CARVALHO

Mas, de erro em erro, o Sporting deixou de ter tempo. Não tem nem vitórias e o dinheiro é emprestado ou perdoado. Tem agora uma assombração a vaguear pelos camarotes de Alvalade: um presidente que não se demite. Sabe-se que a história se repete sempre como farsa. E, se recordarmos, a carreira de Benito Mussolini começou em Itália quando conquistou os adeptos dos estádios de futebol. Berlusconi aprendeu a lição. E agora o Estado democrático defronta-se, pela primeira vez, com um populista a sério: Bruno de Carvalho. Isto porque o problema já deixou de ser clubístico: é político. As ameaças de Bruno de Carvalho (processar o presidente da Assembleia da República e criticar Marcelo) mostram o caminho minado por onde se corre. Sem nada a perder, tem uma estratégia: a culpa é dos outros, dos inimigos internos e dos políticos. Desde o início que o seu discurso era claramente populista, mas só se aplicava ao futebol. Agora chegou ao nível seguinte: ao disparar sobre os políticos, Carvalho está a criar o primeiro movimento populista de características futebolístico/políticas de que há memória em Portugal. Tem um exército atrás, que o venera, como já se viu.

A resposta do Estado democrático tem de ser célere. Tem para isso de cortar radicalmente a cumplicidade e promiscuidade que tem permitido aos dirigentes de clubes e claques agir impunemente. A violência latente nos estádios de futebol, e no ambiente mediático à sua volta, era visível mas o Estado esquecia-se de ver isso. Basta olhar para o número de políticos que têm saltitado pelas estruturas do futebol para se perceber esta vergonhosa promiscuidade.

Fernando Sobral
Jornal de Negócios