quarta-feira, 24 de abril de 2013

SALVEMOS A ALEXANDRA ALPHA

Foi na Fnac/Cascais que a coisa se passou: ao preço de uma rodada (breve) de imperiais sem tremoços, perdido no meio dos romances das insignes escritoras Júlia Pinheiro, Fátima Lopes e Margarida Rebelo Pinto, um exemplar único da "Alexandra Alpha" (6ª edição, de 1999).
Comprei. Como teria comprado dez exemplares, se existissem. (Oferecer livros é uma actividade subversiva a que me entrego com crescente prazer e o preço era convidativo, mesmo em tempo de dieta gasparina).
Entreguei-me ao prazer da leitura desta sexta edição com o vagar alentejano que não tive, nos anos oitenta, quando o romance apareceu e o li com a urgência, o entusiasmo e encantamento que a prosa de Cardoso Pires tantas vezes me provoca. (Atenção: disse prosa de Cardoso Pires, não disse Cardoso Pires tout court - outros contos que para aqui não são chamados...).
A leitura e o encantamento, pois. Mas também grande apreensão. Explico: a estes preços de fim de festa, supostamente destinados a saneamento de stocks, segue-se, muitas vezes, a guilhotina para os exemplares sobrantes e a venda ao quilo para as fábricas de papel. O esquecimento, etapa final, vem depois. 
Aviso à navegação:vão à Fnac, vão ao pavilhão da D. Quixote na Feira do Livro e perguntem pela Alexandra Alpha. Ela não merece morrer de morte canalha. Aliás, nenhum grande romance merece morrer.