Dívida de Angola à Rússia: novo relatório e nova queixa-crime por corrupção
Um relatório sobre o pagamento da dívida de Angola à Rússia nos anos 1990 reaviva as denúncias de corrupção anteriormente feitas e junta-lhes novos elementos. Os autores esperam, com o documento, contribuir para a reabertura do processo pelo procurador-geral da Suíça, mas também levar os governos nacionais e a União Europeia a legislar para uma maior transparência no mundo empresarial e financeiro.
O caso não é novo mas alguns elementos são. Por isso, depois de arquivado em Abril de 2005 na Suíça pelo procurador-geral de Genebra Daniel Zappelli, a investigação ressurge agora na forma de um relatório e de uma queixa-crime apresentada este mês por cidadãos angolanos e activistas anticorrupção junto da Procuradoria-Geral Federal suíça, na cidade de Berna. Em paralelo, nos tribunais de Luanda, foi apresentada uma queixa-crime na semana passada. Um dos cidadãos angolanos desta iniciativa é Adriano Parreira, o mesmo que apresentou queixa contra altas figuras do Estado angolano por fraude fiscal e branqueamento de capitais junto da Procuradoria-Geral da República em Portugal.
O relatório, publicado este mês pela Corruption Watch UK e Associação Mãos Livres de Angola, intitulado Deception in High Places: the corrupt Angola-Russia Debt Deal (Fraude em altas posições: o contrato corrupto da dívida de Angola à Rússia) acrescenta dados ao já conhecido esquema montado em 1996 para o pagamento da dívida de Angola à Rússia, que terám lesado os dois Estados em centenas de milhões de dólares e terá beneficiado intermediários, como os empresários e na altura também negociantes de armas, Pierre Falcone e Arcadi Gaydamak, bem como altas figuras do Estado angolano, incluindo o Presidente José Eduardo dos Santos.
Público